Estavam os dois na borda da
piscina. Ela avançou. Deu um grande mergulho pra buscar a pedrinha que jogou no
fundo. Na volta, o rostinho redondo estampava a satisfação de conseguir o que
havia treinado horas no dia anterior.
Ele tentou avançar. Foi um
pouquinho além da borda. No dia anterior havia treinado percorrer toda a borda
da piscina da casa da avó. Dessa vez, tentou ir um pouco além. Não conseguiu. Chegou a beber água. Ficou
triste, imensamente triste ao sentir seu pequeno plano fracassar. Saiu
emburrado. Papo só pra bicho do mato.
Ela, quando o viu deixar a água,
ensimesmou. Ficou perdida com sua pedrinha na mão. Alguém maior tentou fazê-la compreender
que ele ainda não bem sabia nadar. Ela fez questão de dizer que era como ele,
que também só lhe cabiam as bordas. Disseram a ela que não era problema saber mais
que ele. Deu de ombros. Foi atrás dele e repetiu: olha, eu sou como você, também só posso com as
bordas.
Como bons bichos do mato se
entenderam. Ela conseguiu depois de algum tempo levá-lo de novo para a água. Arrumou-lhe
uma pranchinha de isopor para ele ir além da borda. E lá foram eles juntos até
a noite cair.
Ele teve sorte dela ser quem é.
Ela sabia que o colo que ele precisava era a sincera mentirinha dela. Ela teve
sorte de ter vivido desde que veio ao mundo ao lado de quem nunca teve medo de
compartilhar a dor do outro.
Que lindo, Mari... Adorei! Saudade de vc!
ResponderExcluirRaquelita amada, sinto muitas saudades das nossas conversas na sua aconchegante sala! Queria arrumar um jeitinho da gente se encontrar mais.
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