Recebo um presente enrolado numa folha de jornal.
O presente?
Um cartaz de um congresso esquecido.
Nele há letras brancas que emergem de um profundo desenho azul.
O mesmo azul do céu que ora me acolhe, ora me desmonta.
O cartaz passa a ter bordas e agora ocupa a parede da entrada da minha casa,
aquela onde há um espelho que costuma guardar meus segredos.
O jornal velho?
Mesmo amassado, agora tem contornos negros.
Será presente para quem me disse ainda criança
que desuso emoldurado é arte para quem
adora brincar de esquecer,
e se esquece,
rabisca, desenha, monta, escreve, canta, filma,
até desaparecer.
"Não sei se faz sentido para mais alguém além de mim, mas no fundo sempre escrevemos para nós mesmos. Para, como disse Hélio Pellegrino, poder nascer. E descobrir-se vivo, radicalmente vivo." (Eliane Brum)
sexta-feira, 12 de maio de 2017
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Avenida aurora, n° 33
Reflexos de luzes
desenham
um encontro
em vidros de
venezianas fechadas.
O horizonte,
testemunho da palavra,
pede entrada,
mas a porta está trancada.
Vozes da rua
indagam
se no parapeito da janela
um casal se detém.
Os raios amarelados do entardecer
dizem:
"esqueçam,
hoje,
o que há aqui dentro,
ninguém vê".
desenham
um encontro
em vidros de
venezianas fechadas.
O horizonte,
testemunho da palavra,
pede entrada,
mas a porta está trancada.
Vozes da rua
indagam
se no parapeito da janela
um casal se detém.
Os raios amarelados do entardecer
dizem:
"esqueçam,
hoje,
o que há aqui dentro,
ninguém vê".
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